Instituto Pensar - Ministra da Agricultura da Alemanha se posiciona contra acordo UE-Mercosul

Ministra da Agricultura da Alemanha se posiciona contra acordo UE-Mercosul

por: Nathalia Bignon 


(Foto: CDURLP)

A ministra alemã da Agricultura, Julia Klöckner, afirmou ser contra o acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul na terça -feira (1º). Ela citou o desmatamento da Floresta Amazônica para alertar que, com o pacto, agricultores europeus teriam de competir com alimentos produzidos de forma prejudicial ao meio ambiente.

A declaração de Klöckner ocorreu durante um encontro de ministros da Agricultura dos Estados-membros da União Europeia (UE). Segundo a política da União Democrata-Cristã (CDU), o partido da chanceler federal alemã, Angela Merkel, todos os seus colegas de pasta europeus têm dúvidas em relação ao acordo.

"Nós, ministros da Agricultura, estamos muito, muito céticos?, disse Klöckner, antes de uma reunião com os seus homólogos europeus em Koblenz, na Alemanha. "Não vejo a ratificação do acordo com o Mercosul.?

Resistência do Bloco

De acordo com Klöckner, os ministros da Agricultura de quase todos os países da unidade são contra a ratificação do acordo em sua forma atual. A ministra destacou ainda que o desmatamento da Amazônia no Brasil para acelerar a criação de terras aráveis e produzir ração e alimento de forma prejudicial para o meio ambiente representa "uma distorção da concorrência?. A política ambiental brasileira tem sido alvo de diversos protestos ao redor do mundo.

As declarações de Klöckner vão contra a postura defendida pelo novo embaixador da Alemanha no Brasil, Heiko Thoms. Em entrevista cedida ao site Deutsche Welle Brasil também nesta terça, o representante alemão garantiu que o acordo de livre comércio está no topo de sua agenda e afirmou que a Alemanha "ainda tem a ambição? de assiná-lo no Conselho da União Europeia até o final do ano, mas que "há muita sensibilidade em todo o espectro político alemão sobre temas relativos a clima e meio ambiente?.

"A Alemanha quer o acordo EU-Mercosul, mas precisa ver queda no desmatamento?, disse Thoms. "A Alemanha está totalmente comprometida. Mas precisamos ver progressos concretos. Não promessas ou palavras, mas progresso real.?

Acordo rejeitado

Em junho do ano passado, após 20 anos de negociações, a União Europeia e os países que compõem o Mercosul ? Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai ? chegaram a um acordo comercial abrangente para a criação da maior zona de livre comércio do mundo. Antes de entrar em vigor, o pacto precisa, porém, ser ratificado por todos os Estados-membros do bloco europeu.

Os parlamentos da Áustria, da Holanda e da região francófona da Bélgica já rejeitaram o acordo negociado. A ratificação do pacto também encontra resistência na França, Irlanda e Luxemburgo. A explosão do desmatamento da Amazônia no ano passado é um dos fatores que levou europeus a se posicionarem contra a proposta.

Negativa de Merkel

Recentemente, o acordo também perdeu o apoio de uma de suas principais defensoras, a chanceler federal alemã. Merkel, que afirmou ter "sérias dúvidas? sobre o pacto. O porta-voz do governo alemão disse que Berlim observa "com grande preocupação? o desmatamento e as queimadas na Amazônia.

Com informações da Deutsche Welle Brasil



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